terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Devaneios #3 - Tem uma cobra na minha bota!


Um dos grandes inimigos da felicidade, sem sombra de dúvidas, é a rotina. Ela simplesmente apaga a vida, transforma momentos mágicos em algo normal. Sim, seu dia a dia tem momentos mágicos, se não percebe nenhum então Ela também te abraçou e fez de ti seu escravo.
A vida tem várias maneiras de nos arrancar da rotina. Umas simples, outras pouco perceptíveis e algumas bruscas. O problema maior é quando as bruscas tornam-se imperceptíveis. Hoje tive um desses momentos.
Levantei com o despertador. Rotina.
Na pressa comi pão com café requentado. Rotina.
Corri para a parada aos 45 do segundo tempo. Rotina.
Três ônibus me servem. O primeiro passou lotado e não peguei. Rotina. 
O segundo não tão cheio, também deixei passar. Rotina.
No terceiro com acentos vagos próximos da janela eu entrei. Rotina.
Sentei no banco após a porta do meio, coloquei meus fones e liguei a música. Rotina.
Bom Dia do grupo 3030. Rotina
Com os óculos escuros tiraria meu cochilo do caminho. Ops, a conjugação do verbo já mudou, um “tiraria” apareceu. Lá se foi a rotina? Ainda não, estava bastante entorpecido por seu perfume.
Encostado observando a vida passar pela janela senti algo caindo no meu pé, olhei e vi que era colorido, de relance achei que era uma pulseira, dei um leve chute e percebi que se mexia, deduzi assim que era uma lagarta. Empurrei mais uma vez e, para minha surpresa era uma cobra. Sim, tinha uma cobra dentro do ônibus!
Durante algum tempo eu fiquei apenas olhando aquele animal, pensando como foi parar ali. Até o bordão do Woody saltou à ponta da língua: “Tem uma cobra na minha bota!”.
Pequena com uma coloração que lembra a cobra-coral ou a falsa coral, se enroscava em um parafuso tranquilamente. Como não sou um herpetólogo para saber se era venenosa ou não, achei melhor me afastar. Comentei comigo mesmo: “Uma cobra”.
Foi o suficiente para escutar um grito feminino do lado: “Cobra? Motorista para o ônibus tem uma cobra!”.
Então mulheres subiram nos bancos, gritavam e com olhos desesperados buscavam o “terrível” bicho.
Com um guarda-chuva peguei o animal e coloquei na rua, ainda com pausa para as fotos dos celulares curiosos que nunca param.
Após esse episódio, impressionantemente todos sentaram, encostaram, colocaram seus fones ou fixaram-se nos celulares e voltaram aos seus afazeres rotineiros.
Imediatamente também peguei meu smatphone e comecei a escrever esse texto, chocado com o fato de que nem uma situação tão insólita como essa é capaz de arrancar as pessoas da rotina.

Talvez seja necessário aparecer uma anaconda.
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Na categoria "Devaneios" são postados textos que surgem na minha cabeça do nada e desaparecem com a mesma rapidez, ficando uma verdadeira loucura de palavras muitas vezes com final desconexo. Ou seja, loucura total. rsrs. Também é onde posto minhas crônicas. Comenta e diga o que achou. 

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