Um dos grandes
inimigos da felicidade, sem sombra de dúvidas, é a rotina. Ela
simplesmente apaga a vida, transforma momentos mágicos em algo
normal. Sim, seu dia a dia tem momentos mágicos, se não percebe
nenhum então Ela também te abraçou e fez de ti seu escravo.
A vida tem várias
maneiras de nos arrancar da rotina. Umas simples, outras pouco
perceptíveis e algumas bruscas. O problema maior é quando as
bruscas tornam-se imperceptíveis. Hoje tive um desses momentos.
Levantei com o
despertador. Rotina.
Na pressa comi
pão com café requentado. Rotina.
Corri para a
parada aos 45 do segundo tempo. Rotina.
Três ônibus me
servem. O primeiro passou lotado e não peguei. Rotina.
O segundo não tão cheio, também deixei passar. Rotina.
No terceiro com
acentos vagos próximos da janela eu entrei. Rotina.
Sentei no banco
após a porta do meio, coloquei meus fones e liguei a música.
Rotina.
Bom Dia do grupo 3030. Rotina
Com os óculos
escuros tiraria meu cochilo do caminho. Ops, a conjugação do verbo
já mudou, um “tiraria” apareceu. Lá se foi a rotina? Ainda não,
estava bastante entorpecido por seu perfume.
Encostado
observando a vida passar pela janela senti algo caindo no meu pé,
olhei e vi que era colorido, de relance achei que era uma pulseira,
dei um leve chute e percebi que se mexia, deduzi assim que era uma
lagarta. Empurrei mais uma vez e, para
minha surpresa era uma cobra. Sim, tinha uma cobra dentro do ônibus!
Durante algum
tempo eu fiquei apenas olhando aquele animal, pensando como foi
parar ali. Até o bordão do Woody saltou à ponta da língua: “Tem
uma cobra na minha bota!”.
Pequena
com uma coloração que lembra a cobra-coral ou a falsa coral, se enroscava em um parafuso tranquilamente. Como
não sou um herpetólogo para saber se era venenosa ou não, achei melhor me afastar.
Comentei comigo mesmo: “Uma cobra”.
Foi o suficiente
para escutar um grito feminino do lado: “Cobra?
Motorista para o ônibus tem uma cobra!”.
Então mulheres
subiram nos bancos, gritavam e com olhos desesperados buscavam o “terrível”
bicho.
Com um
guarda-chuva peguei o animal e coloquei na rua, ainda com pausa para
as fotos dos celulares curiosos que nunca param.
Após esse
episódio, impressionantemente todos sentaram, encostaram, colocaram
seus fones ou fixaram-se nos celulares e voltaram aos seus afazeres
rotineiros.
Imediatamente também peguei meu smatphone e comecei a escrever esse texto, chocado
com o fato de que nem uma situação tão insólita como essa é
capaz de arrancar as pessoas da rotina.
Talvez seja
necessário aparecer uma anaconda.
Na categoria "Devaneios" são postados textos que surgem na minha cabeça do nada e desaparecem com a mesma rapidez, ficando uma verdadeira loucura de palavras muitas vezes com final desconexo. Ou seja, loucura total. rsrs. Também é onde posto minhas crônicas. Comenta e diga o que achou.