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Mostrando postagens de 2015

O espelho e o bardo guerreiro

Aço, sangue e terra. Com essas três palavras os últimos meses poderiam ser resumidos. Após mais uma vitória, conquistada às custas de muitas vidas, a guerra findava e o humor dos guerreiros estava ótimo. O bardo elevou a voz:   — Pelo quê lutamos?   — Pelo rei — alguém gritou.   — Pelo reino — outra voz soou.   —  Pela glória — uma voz sobressaiu-se. — Por vingança e espólios — alguém foi sincero. O bardo bradou: — E tudo isso tivemos essa noite, irmãos. Então comemorem! Mas, não sem antes gritar um viva ao homem que tornou tudo isso possível: Lorde Aron!   Gritos ecoaram por toda a vila e Lorde Aron aceitou-os com modéstia. Sentado no meio do acampamento, ele estava com sua filha no colo e ao seu lado sua esposa e filho. Não parecia o homem que chegara à cidade com sangue até a cabeça, que a simples menção do nome fazia os inimigos tremerem. A visão era de uma família simples e feliz, aliás era isso que Aron sempre quis,...

Devaneios #2 - Elas sabem!

As mulheres sabem! Essa foi a primeira frase que me veio em pensamento ao abrir o papel para escrever aleatoriamente. Mas o que realmente elas/vocês sabem? Talvez seja ousadia somada à tolice responder algo desse tipo quando, a mente feminina continua sendo uma esfinge indecifrável. Porém, vou tentar. Mesmo correndo o risco do ridículo me atreverei aclarar “o que as mulheres sabem”. As mulheres sabem de muita coisa, não é apenas algo complicado o que me propus, é amplo. Tenho que ser sucinto. Elas sabem nos fazer felizes, mas também sabem nos destruir. Espera, comecei muito clichê. Por que falar do óbvio? Vamos lá coração suplante o cérebro nessas reflexões. Sabe meu amigo quando nos fingimos de fortões, garanhões reprodutores sem sentimentos, inabaláveis com o que elas acham ou deixam de achar? Elas sabem! Não adianta seu olhar de desprezo ou sua saída de perto – aliás isso piora tudo –, elas possuem um poder de detectar que você se importa, que há s...

Devaneios #1 - Temos todo o tempo do mundo?

— Não estamos bem, preciso que me dê um tempo – ela disse. Ele olhou-a profundamente e suspirou de forma cansada. — Como posso dar algo que não tenho? Meu tempo não é mensurável, não é palpável e não me pertence. Como te dar um tempo se no próximo segundo posso retornar ao pó? Como posso de conceder esse pedido? Imagina se amanhã é meu último dia? Estarei condenando-me a partir desse mundo com incertezas, com a mente recheada de “e se”. O tempo é precioso, alguns falam que é dinheiro, eu digo que é vida. O tempo que você deseja pode ser minha privação de amar outras coisas ou outro alguém.  O que me pede é apenas uma sombra do passado e o vislumbre de um futuro que sequer existe.  Acatar o seu desejo seria oferecer a nós dois ilusões e, disso nossas vidas já estão cheias. Ofereço-lhe o Fim. Esse sim é certo, é mensurável, é visível. Aliás, ditados, religiões e filosofias costumam afirmar que também é o recomeço. Ela piscou algumas vezes antes de responder: —...

Plumitivo

Era onírico e real, Educado e pueril, Covarde e heroico, Delicado e viril Uma alma no etéreo, Um ponto no vácuo, Um pé no eterno, Uma corda no buraco. Eram amores nascentes, Paixões no fim, Eu crescente, O renascer em mim, Força da dor, Dor de ser forte, Brilho do amor, Fomento da morte, Era sestro de aquilatador, Era méleo e fel, Era pena de ardor, Versejando o papel.

O Reino dos Animais

Conto escrito e dedicado á Maria Clara. A minha leitora mais nova, literalmente. Ela me deu o título, o personagem principal e falou para escrever algo. Espero que tenha ficado legal. Abaixo a Maria Clara lendo meu blog e fazendo sua mãe, Jú, interpretar o conto. rsrs Por Jefferson Nóbrega — Lobinho, lobinho, se feiura doesse tua mãe vivia uivando. — Disse Quito no ouvido do lobo mais perigoso de todos e saiu voando. Laicão, o líder da cruel matilha que governava às Terras Escuras pulou alucinadamente tentando morder e devorar o pequeno pássaro, mas Quito era ágil e zombava do lobo. Ficou desviando e provocando o lobo até que escutou um bater de grandes asas; era ele, o Gavião, um pássaro cruel e sanguinário. Dessa vez Quito não subestimou e fugiu rapidamente, o Gavião mergulhou em um voo rasante e suas garras afiadas quase agarraram Quito, mas ele foi passou pelos arbustos até sumir da vista da ave de rapina assassina. Já fora das Terras Escuras, Quito gargalhou de ...

Outra metade

Por Jefferson Nóbrega O coração é algo interessante; ele é rebelde. Enquanto o cérebro é o ditador do nosso corpo, tendo tudo sujeito a sua vontade, o coração é insubmisso, um revolucionário sem causa, sempre disposto a contestar qualquer decisão que consideremos racional. Como um revolucionário suas decisões nem sempre são sábias, às vezes catastróficas e, por esse motivo cada vez mais temos aprendido a ignorar sua insurgência. Será sábio trancarmos de tal forma? Deixar a vida à regência do comodismo ou ao medo de uma mudança radical? Tais questionamentos perpetravam na mente de Laura enquanto no banco da praça observava as pessoas passando. Cada uma perdida em seu mundo particular, em seus smartphones e fones de ouvidos, todos arrumando formas de ocultar o grito que se prende ao peito. Preferindo a vida virtual. Menos dolorosa. Menos vida. Lágrimas escorreram por seu rosto. Não compreendia bem o porquê. No entanto, sabia de quem era a culpa: o coração estava supla...

Românticos e romantismo

Jefferson Nóbrega Romantizaram os românticos, isso é terrível!  Quando se fala em homem romântico há uma visão totalmente errada vigente. O romântico pintado pela modernidade não é um romântico é um chato. Não somos isso. Nós românticos não somos grudentos, não estamos esperando-as com flores na mão e Shakespeare nos lábios, podemos fazer isso claro, porém não dedicamos nossas vidas a sermos nauseantes.  Não se enganem também, ser romântico não é um selo de fidelidade. Casanova, o maior dos sedutores, foi um dos mais românticos que pisou nesse planeta.  O homem romântico na verdade é alguém que vive seus sentimentos na simplicidade, sem maquinações, sem jogos ou máscaras, é sincero, ele é feliz e contagia com essa felicidade quem ele ama. Ele não se importa com o que falar, já que escuta o coração, não se importa como agir, pois viver é algo natural, sequer liga que seu texto tenha a palavra “romântico” em cada linha, pois o importante é o sentimento ...