— Não estamos bem, preciso que me dê um tempo – ela
disse. Ele olhou-a profundamente e suspirou de forma cansada.
— Como posso dar algo que não tenho? Meu tempo não é
mensurável, não é palpável e não me pertence. Como te dar um tempo se no
próximo segundo posso retornar ao pó? Como posso de conceder esse pedido?
Imagina se amanhã é meu último dia? Estarei condenando-me a partir desse mundo
com incertezas, com a mente recheada de “e se”. O tempo é precioso, alguns falam
que é dinheiro, eu digo que é vida. O tempo que você deseja pode ser minha
privação de amar outras coisas ou outro alguém. O que me pede é apenas uma sombra do passado e
o vislumbre de um futuro que sequer existe. Acatar o seu desejo seria oferecer a nós dois
ilusões e, disso nossas vidas já estão cheias. Ofereço-lhe o Fim. Esse sim é
certo, é mensurável, é visível. Aliás, ditados, religiões e filosofias costumam
afirmar que também é o recomeço.
Ela piscou algumas vezes antes de responder:
— Era só falar: não.
— Era só ter dito: fim.
Esse é o primeiro texto da categoria "Devaneios". Nela serão postados textos que surgem na minha cabeça do nada e desaparecem com a mesma rapidez, ficando uma verdadeira loucura de palavras muitas vezes com final desconexo. Ou seja, loucura total. rsrs Comenta e diga o que achou.
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