Mesmo se não tiver lido o livro, recomendo a leitura desse trecho,não será nenhum spoiler, fique tranquilo. É simplesmente fenomenal. Quisera eu um dia poder incluir em meus contos uma reflexão dessas:
Os segredos são dolorosos tesouros da mente. A maioria do que as pessoas pensam como segredo, na verdade, não é nada disso. Os mistérios, por exemplo, não são segredos. Nem o são os fatos pouco conhecidos ou as verdades esquecidas. Segredo, é um conhecimento verdadeiro que é intencionalmente ocultado.Se você não é fã de fantasia, recomendo mesmo assim, leia o primeiro livro "O nome do Vento" e garanto que não haverá arrependimentos!
Os filósofos discutem há seculos os pormenores dessa definição. Assinalam os problemas lógicos que existem nela, as lacunas, as exceções. Em todo esse tempo, entretanto, nenhum deles conseguiu chegar à uma definição melhor. O que talvez diga mais do que todos os sofismas combinados.
Há dois tipos de segredos: Os da Boca, e os do Coração.A maioria deles é da boca. Boatos compartilhados e pequenos escândalos sussurrados. Há segredos que anseiam por se largar no mundo. Um segredo da boca é como uma pedra na bota. No começo, mal se tem consciência dela. depois, torna-se irritante e, mais tarde, intolerável. Os segredos da boca vão crescendo à medida que são guardados, inchando até pressionar os lábios. Lutam para se soltar.
Os segredos do coração são diferentes. São privados e dolorosos e não há nada que se deseje mais do que escondê-los do mundo. Eles não inflam nem pressionam a boca. Vivem no coração, e quanto mais são guardados, mais pesados se tornam.
É melhor ter a boca cheia de veneno do que um segredo no coração. Qualquer idiota é capaz de cuspir o veneno, mas nós guardamos esses tesouros dolorosos. Engolimos em seco todos os dias para contê-los, empurrando-os para baixo, para nossas entranhas mais recônditas. Lá eles permanecem, ganhando peso, supurando. com o tempo, não há como deixarem de esmagar o coração que os contém.
Quem entende isso, compreende o que é vida.
Fonte: O Temor do Sábio - Patrick Rothfuss
Faço coro às palavras finais: "Se você não é fã de fantasia, recomendo mesmo assim, leia o primeiro livro e garanto que não haverá arrependimentos!". Concordo totalmente! O Rothfuss foi um best-seller não à toa. É verdade que o público-alvo para a Literatura Fantástica deve ser maior nos EUA que no Brasil, mas o Rothfuss fez um sucesso tão estrondoso que com certeza conquistou fãs em meio à galera que não se interessava particularmente por fantasia, mas gostava de uma excelente história, e bem contada.
ResponderExcluirTambém adoro a passagem acima! Como a narrativa é em primeira pessoa, a gente fica sem saber se o raciocínio é do Kvothe ou do próprio Rothfuss (no fim das contas é dos dois, né?), mas no importa. O irado é que faz a gente refletir, e isso só acrescenta mais valor a uma leitura já tão agradável.
Ótima postagem!
Gostei muito do primeiro livro, cheio de surpresas e uma magia ( ou simpatia ) que só o Rothfuss conseguiu criar. Concordo que todos gostando de fantasia ou não deveriam ler essa obra incrível.
ResponderExcluirIsso meus amigos,
ResponderExcluirPosso dizer com certeza que esse livro figura entre os melhores lançados nas duas últimas décadas?
Sem sombra de dúvida. O Kvothe é um personagem que eu queria que fosse real, pra sentar e jogar conversa fora.
ExcluirÉ um dos meus personagens preferidos, e Rothfuss desenvolveu uma história muito cativante.
Que venha logo o novo livro!
ExcluirEstou terminando de ler "O Temor do Sabio" (pela segunda vez) e já começo a sentir aquela melancolia de final de livro (se é que vocês me entendem). Duro será esperar pelo terceiro...
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