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Mostrando postagens de março, 2013

Bons sonhos, papi!

A faca entrou com uma facilidade que ela não esperava. Tinha apenas 13 anos e não imaginava ter tamanha força. O sangue que escorreu sobre sua mão estava quente. Quase fraquejou quando ele começou a apertar seu pescoço, ela girou o punhal, a dor obrigou-o a largá-la e fez com que ele caísse com as costas no chão. A menina levantou e sentou sobre o homem que agora empurrava seu intestino de volta pelo furo, o pavor estava no rosto dele, tentou gritar por socorro, entretanto, a arma transpassou sua garganta e furou o carpete, fazendo-o golfar sangue. Os olhos esbugalhados não fecharem-se para a morte deixando o cadáver com uma expressão de medo. Ela chorava, e não sabia muito bem o motivo. Arrependimento não era; talvez fossem lágrimas de alívio, de liberdade. Calmamente foi até a cômoda, pegou uma meia e limpou a lâmina. Dirigiu-se até o banheiro, tirou a camisola rasgada, tomou um longo banho e vestiu roupas velhas. Voltou ao quarto e deitou-s...

Porquês – Baladas das Terras-de-Sempre

Se os gêiseres respiram vapores Por beberem água; Um dragão cospe fogo Por que bebe lava? Se os matuters são brancos Pela influência do gelo Por que os os homens de neve Possuem pelos negros? Se as Terras são de Sempre Não tem começo nem fim? Diga-me por que um fire Não pode aprender sorrir? Matuters – Leões gigantes de pelo branco que habitam o Reino Gélido Homens de neve – Habitantes do Reino Gélido Fire – Diminutivo de Sanfire, dinastia que governa o Império Flamejante Para entender o universo onde esta canção está inserida, leia As Letras Históricas das Terras-de-Sempre

O Terror de São Vicente – Part II

     — Está proibido até de passar perto da cela. — Disse o prior de minha Ordem Religiosa.      — Mas, senhor. Os relatos que consegui podem ser importantes para o tribunal inquisitório.     — Seus relatos são desnecessários. Já há provas o suficiente para condená-lo. — Respondeu severamente Pe. José de Maria, que depois aplacou sua ira e falou-me:      — Luis, escute o que  digo. É extremamente perigoso escutar o que as forças do inimigo falam. Lembre-se que Henrique era um inquisidor, um dos melhores, chegou até a ser chamado de O Novo Torquemada, no entanto o contato com a Feiticeira Vermelha o corrompeu. Ela foi queimada, mas Henrique passou a servir unicamente às trevas. Sendo assim, não desobedeça mais minhas ordens para sua própria segurança.      — Está certo, padre. Tem minha palavra.      Retirei-me ao meu quarto. Foi u...

O Terror de São Vicente – Parte I

      E stava muito nervoso, mãos suadas e um pouco trêmulas. Sentia uma presença terrível dentro daquela cela, havia ordens expressas dizendo que, de forma alguma, o prisioneiro deveria ser liberto das correntes que lhe prendiam pulsos e pernas, ou da mordaça de couro que tampava-lhe a boca. Mas, minha curiosidade foi maior.      Depois de alguns dias conversando, levando comida e cuidando de seus ferimentos, O Terror, concordou em relatar suas memórias. Que historiador resistiria a tal tentação? Fui escondido até a prisão de pedra erguida no meio da mata. Eu era o único autorizado a passar pela guarda. Tinha por missão exorcizar a criatura maligna ali presa. Talvez eu tenha sido seduzido, talvez tenha sido um erro escutá-la, no entanto, não poderia perder a oportunidade de registrar o que diria o ser mais caçado pela inquisição.      Sentado à minha frente estava o ex-padre Henrique Gonçalvez, lendário p...

De frente com o inimigo

Do lado de fora do quarto era possível escutar uma única voz e cada vez mais alta: — Idiota! Sempre soube que me odiava, mas nunca imaginei que você fosse capaz de tamanha maldade! Capaz de atentar contra minha vida? — Momento de desespero? Enxugue suas lágrimas, fracote, não vai conseguir enganar-me fingindo ter sentimentos. Seu destino é ficar só. Resta-lhe somente a solidão e a tristeza. — Como ousa rir em uma hora dessas. Desgraçado! Arrancarei de seu rosto essa alegria! Dentro do quarto sangue respinga por toda parte. No chão, restos do espelho quebrado por um soco. Miniconto com 96 palavras

Alvoroço no Jardim do Éden

         Estava tranquilo, recostado em uma moita, mordicando uma bela e laranjadíssima cenoura, quando minhas grande orelhas dectetaram um possível tumulto. Mal levantei meus atentos olhos e um cervo quase esmagou-me ao saltar sobre as cinerárias ao meu lado. Foi nesse momento que vi a terrível confusão. Mamíferos, répteis, aves — até peixes! — corriam, voavam, nadavam ou rastejavam alucinados pela floresta. Vinham de todas as partes, um leão que vivia na margem do Pison passou imponente e ofegante, uma pantera que habitava perto do Ghion cruzou minha frente rápida como o vento, um pássaro da região do Tigre, voava baixo conversando com os seres terrestres. Não compreendia o que era aquela algazarra. Avistei uma lebre do Eufrates; corri e gritei:      — Parente o que se passa?      — Me siga, parente — respondeu — parece que Yahweh está trabalhando em mais uma grande obra.       ...

Opinião: A Batalha do Apocalipse - Eduardo Spohr

Sinopse Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o juízo final. Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedom, o embate final entre Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo. Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas também uma jornada de co...

03:00 a.m

        Q uando o silêncio passava a reinar em casa e as luzes eram apagadas eu começava a tremer. Tinha dez anos, ou tenho dez anos? Não me lembro muito bem. Mas, recordo das palavras do meu pai:       — É uma coberta mágica. Sempre que estiver com medo se cubra com ela e todo o mal ficará longe.       Acreditava e acredito nisso. Assim, quando o terror da noite começava, eu ficava todo encolhido na cama. Me cobria por completo, cuidando para que nenhuma fresta ficasse aberta.       Todas as madrugadas às 3:00, escutava os passos no quarto, os estalos nas telhas, o ranger da porta; eu apertava o cobertor, fechava os olhos com força, até que finalmente conseguisse dormir. Aquela manta realmente possuía poder, pois os fantasmas não me tocavam mais, já não sentia suas mãos invisíveis em meu rosto. Dessa forma, passei um bom tempo com um pouco mais de segurança. Sempre...

O Chapéu

Jefferson Nóbrega      P e. Bernardo em sua viagem pela Itália foi presenteado com um chapéu caríssimo, feito por encomenda, desde então, foram raros os momentos que tirou o belo acessório da cabeça.     Certo dia, já tarde, voltava de ônibus para a paróquia quando um vento arrancou e levou pela janela, a única coisa que escondia sua precoce calvície. Gritou, mas o motorista não deu a mínima e seguiu em frente. Perdia assim seu precioso tesouro.     O chapéu passou um tempo voando em círculo pela capital do país. Parou em um beco escuro onde uma mulher gritava por socorro, o estuprador fugia tranquilamente e em sua frieza, ainda teve tempo para comemorar a sorte de achar um belo chapéu no chão. O tarado entrou em outra viela, trocou de roupa para despistar a polícia, tirou o boné e colocou algo mais elegante. Assim, foi caminhando tranquilamente em direção de sua residência. Não andou muito. Foi reconhecido pela vítima q...

Sobre o blog

Sou um aprendiz de escritor. Um amante da literatura. Várias histórias povoam minha mente, ocupam meus pensamentos. Vidas aprisionadas em universo particular que clamam por liberdade, que sonham com o papel. Nesse espaço esses personagens serão libertos. Aqui será exposto além de meus contos, resenhas e comentários de livros. Se alguém quiser mandar um conto, publicarei com enorme prazer e com os devidos créditos. Meu email de contato é: jeffersonnobrega@gmail.com Jefferson Nóbrega

Ícaro e o Balão

Um arco-íris quase circular passeava. Em cores e chamas, o balão era uma linda imagem contracenando com o belo azul do céu. Ícaro, filho de Dédalo, foi torturado com tal visão e com a ajuda de algum herói, driblou Cérbero, viajando ao mundo dos vivos para realizar seu grande sonho. Sorria ao ver as pessoas pequenas lá embaixo. Gritava perguntas à Esfinge; gargalhava como nunca. Foi quando Tânato, no furor de sua ira, voou em sua direção arrancando-o lá de cima e arrastando-o novamente para os Campos de Elísios. Sentiu a mesma terrível sensação de quando Egeu o engoliu. E, novamente despencava de sua felicidade. Ícaro, implorou de todas as formas, mas não foi-lhe permitido ao menos ir ver a chegada de seus irmãos, homens-pássaros, que agora atravessavam o Aqueronte. Miniconto inspirado na notícia: Queda de balão no Egito mata 18 turistas estrangeiros. Miniconto com 104 palavras