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Índice – Erros históricos dos novos escritores de Alta Fantasia e Fantasia Histórica

Introdução:



Li certa vez que pelo menos 90% dos aspirantes a escritores de fantasia ambientam seus romances na Europa Medieval ou em mundos alternativos nos moldes dela, não sei se tal estatística é exata ou apenas especulação. Porém, pelo que já li acredito que a percentagem esteja bem perto da realidade.

É normal que esses novos escritores cometam erros clássicos como o uso errado dos pronomes de tratamento e títulos nobilárquicos comuns aos medievais (Sir, Sua Majestade, Senhor, Conde e etc).

Entretanto, no presente artigo pretendo abordar erros mais sutis, frutos de desconhecimento histórico ou até propositais, servindo assim, como instrumentos proselitismo.

É algo polêmico, pois grande parte dos erros que serão listados, não são reproduzidos apenas por esses escritores, mas são ensinados nas escolas e universidades como "verdades históricas incontestáveis". Fatos criados, verdades manipuladas e mentiras descabidas que, seguindo a máxima de Joseph Goebbels, foram repetidas ao longo dos séculos e transmutadas em pseudo-verdades, levando qualquer contestador ao descrédito independente dos fatos e argumentos apresentados.

São questões centralizadas no período medieval e que levaram-no a ser conhecido, principalmente graças à pena de Francesco Petrarca, como "Idade das Trevas". Porém nem tudo que foi pintado de escuro foram trevas, assim como nem todo o iluminismo foi luz. É sobre isso que falarei, arriscando-me a receber as "terríveis alcunhas" de detrações.

Não tenho por objetivo doutrinar, pregar ou bradar verdades dogmáticas, aliás, nada no campo histórico é dogmático. Meu único objetivo é levar o leitor à reflexão, à curiosidade, ao estudo e as suas próprias conclusões. Enriquecendo a gama de informações para quem tem por objetivo ser um grande escritor um dia.

Não sou prepotente, nem um escritor, mas isso não me impede de apresentar fatos que contestam histórias que já são aceitas em consenso e que alguns sequer ousam imaginar o contrário.
O primeiro post será sobre a abordagem da religião na Alta Fantasia e na Fantasia Histórica. Um assunto extenso que pode levar algumas páginas, mas que tenho certeza que será interessante.

Obs: Pretendo usar como base apenas textos fantásticos que fazem alusões, claras ou veladas, à realidade.

Obs2: A imagem postada no início é para demonstrar o que pretendo fazer, nela há um claro erro, aliás bastante comum, a pintura mostra arqueiros com roupas de Templários, no entanto, os Cavaleiros Cruzados desprezavam o arco e a flecha por considerarem armas de covardes. E a própria Igreja através do Concílio de Latrão (1123) proibiu o uso da arbatela (besta). Eis um a frase de um cavaleiro que demonstra o que afirmo:


''Maldito seja o primeiro arqueiro. Ele foi covarde pois não ousava acercar-se do inimigo" (L. Gautier La Chevalerie, p.67 ).

São informações como essas que vocês podem esperar.
Aguardem.

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