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Sobre escolher demais no amor...

Pensamentos corroeram minha mente por toda a madrugada. “Você escolhe demais”, escutei essa frase de três mulheres em um único dia. Ditas em tons acusatórios, como se eu tivesse cometido um crime de lesa-majestade. Não seria um direito meu “escolher demais”? “Ah, mas quem escolhe muito fica sem nada”, é a réplica genérica. “Ficar sem nada” é um risco. 

Todos que amam estão propensos à rejeição e solidão, a vida sem perigos não é vida. 

O problema desse tipo de inculpação é que jogam-me ao estereótipo “só quer peitos e bunda”. Geralmente redarguo: “Leste um dos meus contos, poesias ou poemas?”, se a resposta for não, finda-se tudo. Como ousam julgar os sentimentos de um escritor ignorando seus escritos? Mesmo que sejam ruins. É por sua pena que seu coração confessa-se e requesta-se com toda sinceridade. Se lessem saberiam que imputar-me o gosto por turbinadas é idiotice, afinal todas as minhas protagonistas são descritas como esguias, magrelas, selvagens e acima de tudo, naturais. Eu escolho demais, isso é fato. 

É pecado procurar por alguém especial? Alguém que leia Shakespeare pela manhã, Poe à noite e tenha pesadelos com Lovecraft? Que possa construir uma vida com a beleza de Tolkien e os defeitos de Nelson Rodrigues? Que simplesmente saiba abrir seu coração, seja com palavras, ações ou papel? 

Escolher não é errado, o engano está na utopia, é preciso encontrar esse limite. Ao contrário das acusações não tenho muitas ambições amorosas. Busco apenas uma companheira que, mesmo enraivada, compreenda caso eu levante em plena madrugada para ler mais uma página ou escrevê-la.

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