Pular para o conteúdo principal

O Trono do Sol, A Magia da Alvorada

Mais uma artigo especial para o site Kalango Atômico


Você leitor viciado em As Crônicas de Gelo e Fogo, ou mesmo você que ainda não leu, mas sabe que atualmente não existe ninguém mais badalado na Literatura Fantástica que George R.R Martin; ficaria feliz em ver sua reação ao deparar-se com um livro que apresenta na sua capa e no final as seguintes frases:
“Política, guerra, religião e feitiçaria em um mundo repleto de imaginação. Um lugar fascinante, e que estou ansioso para visitar de novo.” George R.R Martin.
“O Trono do Sol é o melhor de S. L. Farrell, uma mistura deliciosa de política, guerra, feitiçaria e religião em um mundo repleto de imaginação, povoado por um elenco de lordes arrogantes, manipuladores, mendigos, padres, hereges, fanáticos, espiões, assassinos, torturadores, e damas sedutoras. Eles são personagens vívidos e memoráveis, e a maioria pintados em tons de cinza, a minha cor favorita! Esta é uma visão onde a magia funciona. É um lugar fascinante, e que estou ansioso para visitar de novo.” – George R. R. Martin
Diga-me como reagiria, pois eu comprei imediatamente o “O Trono do Sol” do escritor S.L Farrel.

O título original do primeiro livro era “A Magia da Alvorada”, no entanto, foi alterado para “O Trono do Sol” trazendo uma linda imagem na capa que nos leva diretamente a uma referência ao “Trono de Ferro” de Westeros. Isso, somado ao elogio de Martin no final, torna nítida a tentativa da editora Leya em associar a obra de S.L. Farrel ao pai de Game of Thrones. Uma tentativa tola e desnecessária que leva o leitor a acreditar que lerá um segundo “Guerra dos Tronos” quando as veredas tortuosas de Farrel embrenham-se por outros lados.
O Trono do Sol, primeiro livro do Ciclo de Nessântico, começa com uma característica particular, Nessântico, a cidade foco de quase todas as tramas que são desenvolvidas, é apresentada como um personagem:
Se uma cidade tivesse sexo, Nessântico seria mulher…
O prólogo é essencial para compreendermos a mente dos personagens que aparecerão, pois independente de quem seja, todos eles (ou quase todos) amam Nessântico, da sua maneira, e desejam o melhor para a cidade e para si (não necessariamente nessa ordem).
O início do livro é complicado, pois já no primeiro capítulo damos de cara com expressões linguísticas difíceis de assimilar, entretanto, há um glossário com a tradução das principais expressões, que destacado torna-se um marcador de página e deixará a leitura mais fácil.
A história é contada em POVs (Points of Views) e vemos o desenrolar dos fatos pela óptica de vários personagens, diferente da obra de Martin (que por causa da própria editora é impossível não comparar) não há um aprofundamento do universo de cada participante focado. Alguns são apáticos, outros aparecem apenas para morrer. O foco principal está no jogo de poder tanto político quanto religioso.
Nessântico prepara-se para o jubileu da Kraljica (imperatriz) Marguerite Ca’ Ludovici, porém uma disputa pelo poder acontece nos bastidores, uma tentativa de controle sobre a fé e o trono. No meio disso tudo está Ana co’ Seranta, uma proeminente sacerdotisa e forte candidata ao cargo de Archigos (algo como Papa), e é principalmente sobre seus olhos que assistimos a tudo. Mesmo podendo ser considerada a protagonista da história, Ana é uma personagem desenvolvida fracamente. Talvez isso seja intencional para uma virada futura, e enquanto isso não acontece, há pessoas interessantíssimas como o capitão Sergei ca’ Rudka (para mim o melhor personagem) e o mendigo Marhi
Farrel desenvolveu um mundo impecável, com sua hierarquia, sua própria história, uma religião complexa sob choque de progressistas, tradicionalistas e numetodos (ateus ou hereges), e o conhecido jogo da nobreza.
Os pontos negativos são a demora para a história engrenar e as constantes falhas da revisão ortográfica. Porém, esses problemas não ofuscam o brilho da obra.
Convido-os a conhecer Nessântico, essa joia nascida nas águas plácidas e resplandecentes do rio A’Sele e que agora sente as dores do envelhecimento.
livro torno do solO Trono do Sol S.L Farrel
Editora: Leya
574 páginas
Preço: Na faixa de 45 reais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Origem do nome Nóbrega

A imagem acima  é de uma estela funerária datada do séc. II d.C – III d.C encontrada na Avenida da Liberdade em Braga, Portugal. O seu texto faz referência a cidade romana de Elaneobriga e encontra-se exposta no Museu D. Diogode Sousa em Braga. Diz a estela: SEVERVS REBVRRI F(ilius) TIOPHILVS (sic) ELANEOBR/IGENSIS (sic) NA(norum) XXXX SOD ALES FLAVI D(e) S(uo) F(aciendum) C(uraverunt) Tradução: Severus Tiophilus, filho de Reburrus, de Elaneobriga, com 40 anos. A Confratia dos flavianos tomou a seu cargo erguer (este monumento). Civitas Elaneobriga A localização de Elaneobriga ainda não é conhecida, em 1954 no documento "Novíssimas inscrições romana de Braga. "Brancara Augusta", vol. 4 (25). Braga: Câmara Municipal, pág. P. 242-249", Arlindo Ribeiro da Cunha, indica a atual região de Ponte da Barca como a possível localização da cidade.  Monte onde foi erguido o Castelo da Nóbrega  Esta região era conhecida por Terra da Nóbrega  ou Anóbrega ...

Os Segredos, por Kvothe (O Temor do Sábio Patrick Rothfuss)

Mesmo se não tiver lido o livro, recomendo a leitura desse trecho,não será nenhum spoiler, fique tranquilo. É simplesmente fenomenal. Quisera eu um dia poder incluir em meus contos uma reflexão dessas: Os segredos são dolorosos tesouros da mente. A maioria do que as pessoas pensam como segredo, na verdade, não é nada disso. Os mistérios, por exemplo, não são segredos. Nem o são os fatos pouco conhecidos ou as verdades esquecidas. Segredo, é um conhecimento verdadeiro que é intencionalmente ocultado. Os filósofos discutem há seculos os pormenores dessa definição. Assinalam os problemas lógicos que existem nela, as lacunas, as exceções. Em todo esse tempo, entretanto, nenhum deles conseguiu chegar à uma definição melhor. O que talvez diga mais do que todos os sofismas combinados. Há dois tipos de segredos: Os da Boca, e os do Coração. A maioria deles é da boca. Boatos compartilhados e pequenos escândalos sussurrados. Há segredos que anseiam por se largar no mundo. ...

D. Ourigo Ourigues - o progenitor dos Nóbregas e dos Aboim

Ourigo Ourigues – o Fidalgo ou o Velho da Nóbrega – foi companheiro de luta de D. Afonso Henriques (primeiro Rei de Portugal) nas batalhas de S. Mamede (1128), de Coneja (1137), de Ourique (1139) e de Arcos de Valdevez (1140) bem como seu Castelão-Mor . D. Ourigo reconstruiu nos primórdios da Nacionalidade, a mando de D. Afonso Henriques, o poderoso Castelo de Aboim (tinha sobre a sua alçada o Castelo de Lindoso), que pensa-se ter surgido como Castro na idade do ferro destruído posteriormente pelos Árabes no século VIII. Por conseguinte, D. Ourigo Ourigues faz parte do quadro de honra dos cabouqueiros da Nacionalidade Portuguesa. O que lhe dá a glória de alinhar no número daqueles que foram os primeiros Infanções Portugaleses, e que lutaram pela realidade que é Portugal . O Castelo de Aboim situa-se na confluência das freguesias de Aboim da Nóbrega, Azias e Sampriz, no lugar de Casais de Vide a uma cota de 775 metros. A sua fortificação defensiva constava de um fosso e dois...