Pular para o conteúdo principal

Como fazer resenhas

Olá raros leitores,

Eu particularmente evito de fazer resenhas, mesmo tendo estudado bastante sobre o assunto. Meu impedimento é a falta de tempo, portanto, entre fazer uma coisa "meia boca" e não fazer, opto pela segunda opção. Mas segue abaixo um bom manual para quem se dispuser a aprender:

Explicação do Prof. Dr. Pedro Cezar Dutra Fonseca, no Site do Escritor, a eles todos os direitos.

Resenha é um trabalho de síntese que revistas e jornais científicas publicam geralmente logo após a edição de uma obra, com o objetivo de divulgá-la. Não se trata de um simples resumo.
 
O resumo deve se limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha vai além, resume a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas básicas, deve avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos.
 
A resenha pode ser de um ou mais capítulos, duma coleção ou mesmo dum filme. Apresenta falhas, lacunas e virtudes, explora o contexto histórico em que a obra fora elaborada e faz comparações com outros autores.
 
Conhecida como resumo crítico, a resenha só pode ser elaborada por alguém com conhecimentos na área, pois sua elaboração exige opinião formada, pois além de resumir, o resenhista avalia a obra, sustentando suas considerações, deve embasá-las seja com evidências extraídas da própria obra ou de outras de que se valeu para elaborar a resenha.
 
"Se o resumo do conteúdo da obra não está bem feito, o leitor que não a conhece encontrará dificuldades em acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado, o recensor se limita a relatar o conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará escrevendo um resumo e não uma recensão crítica. Finalmente, se ele não sustenta ou ilustra seus julgamentos com dados extraídos da obra recenseada, ele não dá ao leitor a oportunidade de formar seus próprios julgamentos".
 
De uma boa resenha devem constar:

  • A referência bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT;
     
  • Alguns dados biográficos relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo);
     
  • O resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando a área do conhecimento, o tema, as idéias principais e, opcionalmente, as partes ou capítulos em que se divide o trabalho. Deve-se deter no essencial, mostrando qual é o objetivo do autor, evitando recorrer a detalhes e exemplos, com máxima concisão. Este momento é mais informativo que crítico, embora a crítica já possa estar presente;
     
  • As categorias ou termos teóricos principais de que o autor se utiliza, precisando seu sentido, o que ajuda evidenciar seu approach teórico, situando-o no debate acadêmico e permitindo sua comparação com outros autores. Aqui não só se deve expor claramente como o autor conceitua ou define determinado termo teórico, mas já se deve introduzir críticas, seja à utilização ou à própria conceituação feita pelo autor [em uma resenha para revistas especializadas, esta parte pode ser dispensada, até por economia de espaço, mas é essencial em trabalhos de aula, em que o recensor é também aprendiz];
     
  • A avaliação crítica, nos termos já referidos anteriormente no item 1. Este é o ponto alto da resenha, onde o recensor mostra seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de proceder a um julgamento. Há vários tipos de críticas, mas destacam-se: (a) a interna, quando se avalia o conteúdo da obra em si, a coerência diante de seus objetivos, se não apresenta falhas lógicas ou de conteúdo; e (b) a externa, quando se contextualiza o autor e a obra, inserindo-os em um quadro referencial mais amplo, seja histórico ou intelectual, mostrando sua contribuição diante de outros autores e sua originalidade.
     
  • Atualmente quase todas as revistas científicas trazem boas seções de resenhas. Sempre é aconselhável ir a uma biblioteca e consultar alguns destes periódicos para observar atentamente como os mais destacados profissionais e pesquisadores da área as elaboram.
     
  • Finalmente, deve-se lembrar que o recensor deve preocupar-se com a obra em sua totalidade, sem perder-se em detalhes e em passagens isoladas que podem distorcer idéias. Deve-se certamente apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes devem ser relevantes. Nada mais deplorável do que uma crítica vazia de conteúdo, sem base teórica ou empírica, que lembre preconceito. Ou elogios gratuitos, que podem parecer corporativismo ou "puxa-saquismo".
     


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Origem do nome Nóbrega

A imagem acima  é de uma estela funerária datada do séc. II d.C – III d.C encontrada na Avenida da Liberdade em Braga, Portugal. O seu texto faz referência a cidade romana de Elaneobriga e encontra-se exposta no Museu D. Diogode Sousa em Braga. Diz a estela: SEVERVS REBVRRI F(ilius) TIOPHILVS (sic) ELANEOBR/IGENSIS (sic) NA(norum) XXXX SOD ALES FLAVI D(e) S(uo) F(aciendum) C(uraverunt) Tradução: Severus Tiophilus, filho de Reburrus, de Elaneobriga, com 40 anos. A Confratia dos flavianos tomou a seu cargo erguer (este monumento). Civitas Elaneobriga A localização de Elaneobriga ainda não é conhecida, em 1954 no documento "Novíssimas inscrições romana de Braga. "Brancara Augusta", vol. 4 (25). Braga: Câmara Municipal, pág. P. 242-249", Arlindo Ribeiro da Cunha, indica a atual região de Ponte da Barca como a possível localização da cidade.  Monte onde foi erguido o Castelo da Nóbrega  Esta região era conhecida por Terra da Nóbrega  ou Anóbrega ...

Os Segredos, por Kvothe (O Temor do Sábio Patrick Rothfuss)

Mesmo se não tiver lido o livro, recomendo a leitura desse trecho,não será nenhum spoiler, fique tranquilo. É simplesmente fenomenal. Quisera eu um dia poder incluir em meus contos uma reflexão dessas: Os segredos são dolorosos tesouros da mente. A maioria do que as pessoas pensam como segredo, na verdade, não é nada disso. Os mistérios, por exemplo, não são segredos. Nem o são os fatos pouco conhecidos ou as verdades esquecidas. Segredo, é um conhecimento verdadeiro que é intencionalmente ocultado. Os filósofos discutem há seculos os pormenores dessa definição. Assinalam os problemas lógicos que existem nela, as lacunas, as exceções. Em todo esse tempo, entretanto, nenhum deles conseguiu chegar à uma definição melhor. O que talvez diga mais do que todos os sofismas combinados. Há dois tipos de segredos: Os da Boca, e os do Coração. A maioria deles é da boca. Boatos compartilhados e pequenos escândalos sussurrados. Há segredos que anseiam por se largar no mundo. ...

D. Ourigo Ourigues - o progenitor dos Nóbregas e dos Aboim

Ourigo Ourigues – o Fidalgo ou o Velho da Nóbrega – foi companheiro de luta de D. Afonso Henriques (primeiro Rei de Portugal) nas batalhas de S. Mamede (1128), de Coneja (1137), de Ourique (1139) e de Arcos de Valdevez (1140) bem como seu Castelão-Mor . D. Ourigo reconstruiu nos primórdios da Nacionalidade, a mando de D. Afonso Henriques, o poderoso Castelo de Aboim (tinha sobre a sua alçada o Castelo de Lindoso), que pensa-se ter surgido como Castro na idade do ferro destruído posteriormente pelos Árabes no século VIII. Por conseguinte, D. Ourigo Ourigues faz parte do quadro de honra dos cabouqueiros da Nacionalidade Portuguesa. O que lhe dá a glória de alinhar no número daqueles que foram os primeiros Infanções Portugaleses, e que lutaram pela realidade que é Portugal . O Castelo de Aboim situa-se na confluência das freguesias de Aboim da Nóbrega, Azias e Sampriz, no lugar de Casais de Vide a uma cota de 775 metros. A sua fortificação defensiva constava de um fosso e dois...